sábado, 10 de outubro de 2009

O quê há de errado com "rondonha"?


Rondônia, capital Seul


Professor Nazareno*


Rondônia é um dos 26 estados do Brasil, isto poucos brasileiros sabem. A Coréia do Sul é um país da Ásia e junto com a Coréia do Norte formam a península coreana, próxima à China. Rondônia tem 245 mil quilômetros quadrados de área e uma população de apenas um milhão e meio de habitantes. O país asiático tem uma área de pouco mais de cem mil quilômetros quadrados, portanto menos de metade do Estado de Rondônia e uma população superior a 52 milhões de indivíduos, ou seja, mais de 30 vezes o número de habitantes daqui. Os sul-coreanos pertencem ao mundo civilizado e têm um IDH muito elevado. Rondônia é a quinta ou a sexta periferia do capitalismo.

O rio Han, de águas cristalinas, corta a imponente capital coreana. O rio Madeira, de águas barrentas e cheio de lixo boiando em sua superfície, margeia a capital dos rondonienses. O Estado brasileiro se situa entre dois grandes biomas conhecidos mundialmente: a floresta Amazônica e o Cerrado e, além disso, tem excesso de recursos minerais e está localizado dentro da maior bacia hidrográfica do mundo. Os coreanos têm uma natureza madrasta e não podem se orgulhar de quase nada em termos de abundância natural. Na década de 50 o então Território Federal do Guaporé vivia a euforia da Marcha para o Oeste. Já os sul-coreanos viviam o horror da guerra com mais de 3 milhões de mortos.

Sansung, Ásia Motors, Kia Motors, LG, Hyundai, Dae-woo, são marcas sul-coreanas conhecidas e consumidas no mundo inteiro. Os eletrodomésticos fabricados naquele país da Ásia são referências em qualquer parte do planeta. Aqui se produz apenas um refrigerante de nome impronunciável cujo alcance de consumo mal consegue chegar à divisa. Ban Ki-moon, político nascido na Coréia do Sul, é o todo poderoso Secretário Geral da ONU, a Organização das Nações Unidas. Em Rondônia, como exemplos de políticos, temos apenas Ivo Cassol, Expedito Junior, Fátima Cleide e Roberto Sobrinho.

Kim Dae-jung foi um ex-presidente que no ano 2000 ganhou o Prêmio Nobel da Paz. Por aqui ninguém nunca ganhou prêmio de nada. Ninguém daqui jamais foi indicado para absolutamente nada. Os maiores prêmios por estas bandas aparecem somente nas pífias exposições agropecuárias. Uma tal de Bailarina da Praça é o símbolo maior do lugar. As maiores expressões locais são pessoas geralmente oriundas de outros estados da federação. O Marechal Rondon era mato-grossense, Jorge Teixeira era gaúcho, Aluízio Ferreira era carioca e o Major Fernando José Guapindaia era natural do Estado do Maranhão, embora tenha vivido muito tempo no Amazonas.

Rondônia e Coréia do Sul têm estas enormes diferenças por que esta investiu maciçamente em educação enquanto aquele insistiu em copiar tudo que deu errado no Brasil. Levando-se em consideração a Guerra da Coréia que terminou em 1953 e a península Coreana fora dividida em dois países, pode-se afirmar que o nosso Estado é dez anos mais velho do que o país asiático. As Olimpíadas de Seul em 1988 e a Copa do Mundo de Futebol em 2002 são coisas do passado para os irmãos orientais. Enquanto o nosso PIB é algo risível em torno de cinco bilhões de dólares, a produção de riquezas dos sul-coreanos já ultrapassa a cifra de um trilhão de dólares. O quê nos falta?


* O Professor Nazareno leciona em Porto Velho


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