sábado, 31 de outubro de 2009

O símbolo de Porto Velho


Porto Velho: uma cidade sem símbolo


Professor Nazareno*


Quase todas as cidades do mundo têm um símbolo que as identifica. Um acidente geográfico ou mesmo uma grande construção é comum aparecer nos guias turísticos como marca registrada do lugar. Apesar dos constantes tiroteios em suas favelas, o Rio de Janeiro tem o Pão de Açúcar ou mesmo a Estátua do Cristo Redentor. Nova Iorque tinha o World Trade Center e agora a Estátua da Liberdade é o seu símbolo maior. Paris tem a famosa Torre Eiffel. Roma tem o Coliseu e Salvador, na Bahia, tem o Elevador Lacerda e a paradisíaca Ilha de Itaparica. É raro não perceber e imediatamente associar a geografia ou a sagacidade do homem ao seu lugar de origem.

Porto Velho não tem símbolo nenhum. Dizem que As Três Caixas D’água também chamadas de “As Três Marias” simbolizam a nossa cidade. Se assim for, não existe tamanho mau gosto em outro lugar. Construídas juntamente com a Estrada de Ferro Madeira Mamoré é um monumento de aparência lúgubre, vulgar e que sugere apenas a lembrança do capitalismo selvagem em nossas terras. Vistas de longe parecem querer imitar o órgão sexual masculino de três jumentos emparelhados. De aparência medonha, estaria assim mais para simbolizar qualquer cidadezinha lá dos cafundós do Nordeste do que para uma capital que se orgulha de ser “a cidade das hidrelétricas”.

Porém muitos rondonienses lhe dão importância. Recentemente, um hotel de padrão internacional quase teve a sua construção embargada por causa do monumento. “Encobriria a sua beleza e visão”, afirmou o Iphan como se alguém de bom senso quisesse ver aquilo. Sendo assim, bastaria mandar implodir o Palácio Presidente Vargas que se localiza bem a sua frente. Afinal, para que serve um Palácio que tem nome de um dos maiores ditadores da nossa História e que já foi apelidado de casinha da Barbie? Nenhum governador sentiria tanta falta assim. Poderíamos também mandar implodir a Reitoria da Unir já que esta universidade nunca serviu para nada mesmo. Se a Unir não existisse que falta faria aos porto-velhenses?

Infelizmente Porto Velho não tem símbolo nem História. Alguns saudosistas alegam que a nova administração municipal estaria destruindo todo o acervo histórico-cultural da capital. Um exagero, pois o lendário rio Madeira e a imponente floresta Amazônica que realmente nos simbolizam estão sendo destruídos de forma covarde e ambiciosa sem que ninguém dê um pio. Desde quando lugares onde se bebia pinga e se praticava a boemia podem ser considerados como de importância histórica? Esta cidade não pode mais viver do passado uma vez que já temos Parada do Orgulho Gay, Carnaval fora de época, ponte sobre o Madeira, viadutos, passarelas, mortes no trânsito, violência na periferia, pedintes na rua e até shopping center.

Qualquer destas construções poderia muito bem simbolizar a cidade. A ponte no Madeira, por exemplo, existe coisa mais absurda? Os rondonienses querem fazer ponte sem ter a estrada. Um monumento que servirá apenas para melhorar a vida de meia dúzia de capiaus e matutos que plantam mandioca no Projeto Joana Darc. Ou então servirá para tirar a “metrópole humaitaense” do isolamento. Serão muitos milhões de reais jogados fora. Coisa de gente da roça mesmo. Por isso uma estátua do Jeca Tatu, personagem de Monteiro Lobato, deveria ser erguida para simbolizar a capital já que a melhor definição para Porto Velho é: 400 mil matutos num canto só.


*Leciona em Porto Velho.


quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Ser jovem é difícil...


Ser jovem: esperanças no futuro ou problemas?


Professor Nazareno*


Existe um ditado popular afirmando que os jovens são o futuro do país. Quando perguntaram a Nelson Rodrigues que conselho daria aos jovens, ele não pensou duas vezes: “envelheçam rapidamente”. Afinal, o que tem a dizer um jovem de 17 ou 18 anos? “Nada. São os velhos que detém a sabedoria e que podem assumir a liderança. De Gaulle era velho. Mao era velho. Chiang era velho”. Todos os grandes cientistas e pensadores que mudaram ou influenciaram a história da humanidade eram velhos. Os jovens não servem para muita coisa hoje em dia neste mundo globalizado e consumista.

Em quase todos os eventos, lá estão eles, os jovens, tentando mudar de aparência como se o Criador não tivesse acertado a receita ao fazê-los. Se tiverem cabelos encaracolados, alisam. Se tiverem cabelos lisos, encaracolam. Loiros e loiras viram morenos e morenas e vice-versa. Dão mais importância a uma simples festa do que aos estudos. O jovem de hoje quase sempre é gordo. Dizer que estes cidadãos são o futuro do país é pura bobagem e idiotice. E talvez seja por isso mesmo que eles mudam, pois que país teria futuro com governantes aloprados e desinformados?

O maior problema é que a cada ano que passa a alienação bate forte nesta faixa etária da sociedade. Diferentes dos jovens das barricadas de Paris em 1968, dos que lutaram pelo fim da Ditadura Militar no Brasil, ou dos jovens da Praça da Paz Celestial em Pequim e mesmo daqueles que se encantaram e cantaram com grupos musicais de verdade, a maioria dos jovens de hoje está dentro de shoppings centers, não participam da política, odeiam a leitura, ficam pendurados a celulares ou computadores de mão e oficializam a prostituição substituindo “o namorar pelo ficar”. Verdadeiros idiotas.

Além do mais, muitos dos jovens atuais não sabem escrever um bom texto e desconhecem completamente alguns aspectos da História do Brasil e do Mundo. São capazes de afirmar, por exemplo, que foi Drummond (Carlos Drummond de Andrade) e não Dumont (Santos Dumont) que inventou o avião. Apesar da semelhança entre os nomes em questão, só um jovem mesmo para confundir a biografia destes dois grandes brasileiros. Um jovem atual consegue afirmar que a Segunda Guerra Mundial teve como causa principal a rivalidade econômica entre a URSS e a União Européia. Isto é hilário.

O jovem precisa de lazer, descanso e também de responsabilidades com o futuro. Não necessita encarar o mundo de maneira muito séria agora, mas deve entender que ninguém será eternamente jovem. O mundo está aí para crianças, jovens, adultos e velhos, para todos se divertirem. Mas é somente nesta fase da vida que se pode poupar energias para uma vida melhor no futuro. Evitar os vícios, a religião, as drogas (religião é droga), as intrigas e começar a investir na leitura, na boa música, no lazer e principalmente na grande capacidade que têm de imitar os mais velhos e copiar-lhes a experiência de vida.


*Leciona em Porto Velho.


domingo, 25 de outubro de 2009

O CRIME AGORA É EMPREGO RENTÁVEL

O CRIME AGORA É UM EMPREGO RENTÁVEL

Sá de Freitas



Hoje fiquei mais revoltado ainda com os acontecimentos neste Brasil com poucos brasileiros conscientes e muitos safados no leme.

Não adianta listar o que vem acontecendo, porque todos sabem e se alguém disser que não, é cínico ou omisso. Quando escrevo algo contra as bandalheiras que vêm ocorrendo todos os dias no cenário brasileiro, por incrível que pareça, poucos, dentre os dez mil correspondentes meus (a maioria composta por brasileiros) se manifestam. Os demais parecem pessoas indiferentes, conformadas com tudo e despidas de patriotismo, numa luta que pertence a todos em benefício de todos. Quando menciono “brasileiros”, não me refiro apenas aos que nasceram aqui, mas também a outros irmãos de várias nacionalidades que se abrigam e lutam neste solo.

Hoje a taça da minha indignação transbordou-se. Leiam:



“ VOCÊ SABIA? EU NÃO... Eu não estou acreditando... BRASIL ! ...SIL !
....SIL !
Programa Bolsa-Marginal ? Você sabia que todo presidiário com filhos tem
uma bolsa de R$ 600,00 para sustentar a família, dado pelo INSS, pois o
coitadinho não pode trabalhar para sustentar os filhos pois está preso?
Tire a dúvida neste "site"

http://gov.br/conteudoDinamico.php?id=22


Por acaso os filhos do sujeito que foi morto pelo coitadinho
que está preso recebem uma bolsa de R$600,00 para seu sustento?
Mate e assalte... e ganhe uma Bolsa Bandido... !

E depois o Lula vem dizer que o INSS não tem dinheiro para pagar o
reajuste justo aos aposentados...!!!!
Sabe quem está financiando esta regalia da Bolsa Bandido?”( não cito o nome de quem escreveu essa nota, para preservar-lhe a privacidade)



Mas pergunto: será que alguém não sabe? Se alguém não souber quem está financiando tudo isso, então não continue lendo. Pois se ainda não se conscientizou de que o dinheiro é o seu, é o meu, é nosso, jamais vai se conscientizar da sua responsabilidade perante a defesa da Pátria, quer escrevendo, quer comentando entre os amigos as falcatruas, quer protestando de diversas maneiras ou deixando de eleger os desonestos.

De uma forma ou de outra, se aceitarmos esse salário de ajuda a quem não o merece, estaremos contribuindo para o aumento da criminalidade e até financiando-a. Quem elaborou tal projeto e os demais que o aprovaram, ou têm parentes encarcerados ou estão preparando o terreno para quando estiverem atrás das grades, pois creio em Deus que a Justiça, um dia, chegará para eles.

Com isso não quero dizer que todos os brasileiros sejam omissos. Há muitos que lutam sem tréguas contra essa situação vergonhosa . Mas precisamos pensar, repito, que essa luta não é somente de muitos e sim de todos os cidadãos honestos. Cruzar os braços e ficar assistindo ao circo pegar fogo complica, porque nas chamas estamos nós, estarão os nossos filhos e os nossos netos.

Vamos pensar e reagir antes que seja tarde. O bandido – e não adianta falar que é reeducando – porque é bandido mesmo, vive num paraíso, essa é a verdade, enquanto que o trabalhador honesto se estrebucha num verdadeiro inferno. O bandido é atendido no Hospital imediatamente: o trabalhador, não; o bandido tem, à sua disposição a hora que quiser, dentistas, psicólogos, analistas, ambulância, boa alimentação, recreações, medicamentos, etc: o trabalhador honesto, não. O bandido não precisa pagar aluguel, água, luz, cama e alimentação ( porque nós, trouxas, pagamos) e o que ele, o criminoso, ganha com esse novo projeto, é livre, sem desconto algum. Incrivelmente ainda reclamam e têm os que os defendem. Defendê-los de maltratos físicos ou de qualquer outro ato desumano ou abusivo, até eu os defendo, mas aumentar-lhes as regalias, não!!! Isso é absurdo.

Deixo para você, que está lendo essas minhas considerações, a análise desse fato, pois eu já o analisei por ter trabalhado trinta anos no Sistema Prisional e, nesse período, vi, na Unidade em que eu militava, apenas três que se recuperaram realmente, constituindo ou reassumindo suas famílias e integrando-se a trabalhos honestos. Os demais cometeram novos crimes, retornaram à Penitenciária e, descaradamente, diziam que assim procederam por ser na prisão a vida melhor que na Sociedade, pois no cárcere tinham de tudo sem necessidade de trabalho.

Se alguém quiser mais informações a respeito do que realmente é um bandido, e tenho conhecimento de causa, o meu E-mail é:

poetamorpaz@uol.com.br

Não vou me calar. Prefiro morrer lutando pelo que julgo ser a verdade, a viver assistindo essa desfaçatez imposta por colarinhos brancos, que sentados atrás de suas mesas somente possuem teorias. Por que não vão conviver com a realidade face a face, pelo menos alguns dias, como convivi, trabalhando entre eles e os analisando atentamente?

Essa " Bolsa Bandido", sem dúvida, aumentará mais a população carcerária em todo o País, pois eu mesmo se tivesse qualquer inclinação para o crime, por certo não perderia de maneira alguma esse emprego, cuja exigência para obtê-lo seria apenas a minha ficha criminal. Fácil, não é?
Acordem brasileiros e lutem antes que "OS LOBOS" terminem de estraçalhar a nós todos.
=

Obs: não deixe de consultar o Site acima citado.

Samuel Freitas de Oliveira

Avaré- SP

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Alguém já viu sujeira em Porto Velho?

Sujeira em Porto Velho? Quanta injustiça!

Professor Nazareno*

No domingo, dia 18 de outubro, o Fantástico da Rede Globo acompanhou uma inspeção da Vigilância Sanitária em restaurantes de várias capitais brasileiras. Em Porto Velho, a sorteada foi uma churrascaria bastante conhecida dos consumidores da nossa cidade. Os clientes desse tradicional ponto de encontro dominical nem imaginam que frangos são descongelados dentro de um balde velho e sujo. A qualidade da carne também é duvidosa. “A carne está em um vasilhame em péssimo estado de conservação. Pela aparência, podemos dizer que a cor não está boa. É importante recolher, para segurança do consumidor”, afirmou um dos fiscais. É tanta ferrugem e falta de higiene que as duas velhas geladeiras não poderão mais ser usadas.

Esta mesma churrascaria já foi notificada pela segunda vez neste ano. Se não entrar na linha, ela pode ser fechada. Todos ficamos horrorizados. Um verdadeiro absurdo este programa relatar estas coisas. Como pode? Rondônia não merecia isto. Porto Velho é uma cidade limpa, arborizada, cheirosa, bem organizada e com quase 100% de esgotos e água tratada por isso não merecia virar manchete nacional só por causa desta besteira. Os repórteres e jornalistas desta emissora e deste programa deviam vir aqui e observar a realidade para não saírem por aí difamando a nossa querida metrópole. Por que eles não foram ao porto da cidade? Lá existe muita limpeza e higiene. É uma beleza natural e estonteante. Não existe lama nem sujeira e o local dá nome a nossa linda capital.

Essa gente poderia ter ido também à zona Sul da cidade ou à zona Leste ou a outra zona já que há muitas. Encontrariam, com absoluta certeza, ruas floridas, sem tapurus ou esgotos correndo a céu aberto. O cheiro inconfundível de perfume que exala das nossas avenidas certamente deixaria estes forasteiros tontos de tanta fragrância. Temos também o Arraial Flor do Maracujá, que em matéria de limpeza e higiene deveria ganhar uma espécie de Oscar. As comidas que são servidas por lá nem de longe se parecem com gororoba. Valas abertas e mal cheirosas é coisa rara por aqui. Os poços que abastecem os porto-velhenses de água sempre são cavados longe das fossas. Difícil encontrar algum que tenha qualquer tipo de bactéria ou mesmo imundície.

Mercado do Cai N’água, Mercado do quilômetro 01, feiras livres semanais dentre outras atrações turísticas da nossa capital são verdadeiros requintes de luxo e esmero em limpeza e boa higiene. Até o mandi, um pequeno bagre que se alimenta de fezes humanas, é odiado por estas bandas e quase não se vê a sua comercialização. A limpeza verificada em Porto Velho lembra Paris, Milão ou Viena. Quando um gato ou cachorro morre esmagado pelos carros do nosso organizado trânsito é imediatamente retirado do meio da rua, o local é dedetizado e a Prefeitura manda borrifar perfume francês para delírio dos transeuntes. Nossas escolas são todas limpas, nossos hospitais se parecem com shopping centers. Porto Velho, não. O nome da cidade deveria ser “Perfumópolis”.

Talvez o único lugar onde haja sujeira por aqui seja na política. Mas isto também é verificado no Brasil inteiro. Alem do mais, estes jornalistas desavisados poderiam ir ao “buchódromo” da cidade. Lá duvido que encontrem algum preservativo usado. Por isso seria bom que fizéssemos um abaixo-assinado para enviar à Rede Globo e exigir uma espécie de retratação da emissora. Ela foi muito injusta com Porto Velho e só por causa de uma bobagem não tinha o direito de manchar o nosso nome. Pois qualquer cidadão brasileiro ficaria encantado ao passear com a sua família pelas ruas da capital de Rondônia: sem violência, sujeira, lama, poeira ou travestis à noite as nossas vias são verdadeiras passarelas. O que mais se podia esperar de uma linda capital como a nossa?


*Leciona em Porto Velho


sábado, 17 de outubro de 2009

Vamos mesmo chegar ao tão falado progresso?


Vamos perder o bonde da História


Professor Nazareno*


Há um bom tempo que não se ouve falar de outra coisa em Rondônia: com as obras do PAC, Programa de Aceleração do Crescimento do Governo Federal, o dinheiro está “entrando a rodo” no nosso Estado. E é até possível observar na capital como o volume de obras pode ser uma demonstração da veracidade deste pensamento. Há realmente muitas construções sendo tocadas e muitas outras já projetadas: construção do CPA, Centro Político Administrativo, duplicação da BR 364, asfaltamento de algumas ruas e avenidas, construção de viadutos e passarelas, melhoria no saneamento básico de vários bairros, água encanada onde antes só havia poços, dentre outras.

Obras estas que os habitantes podem ver, se deslumbrar e acreditar que o dinheiro está sendo bem empregado pela classe política. Todo mundo fica feliz, fala em progresso e desenvolvimento, se enche de ufanismo bobo e alardeia para os quatro cantos do mundo que aqui se trabalha, que os nossos políticos são os melhores do mundo. Ledo engano: claro que toda cidade necessita de obras de infra-estrutura e como em Porto Velho falta tudo nesta área qualquer gambiarra é sempre bem-vinda. Mas será que esse dinheiro está realmente sendo bem empregado? Houve algum tipo de consulta popular para isso? Ou este dinheiro também está sendo “gasto a rodo”?

O CPA era uma necessidade, todos concordam. Mas não entendi por que os prédios, se vistos do alto, formam as letras ‘I’ e ‘C’. Erros de projetos ou simples culto à personalidade? Mas é bom, assim não haverá a necessidade de colocar nome de político oportunista na construção, pois o povo daqui não sabe nomear de forma coerente os seus monumentos. Já os viadutos parecem ser mais uma tolice de quem quer mostrar serviço. Problemas de trânsito se resolvem com abertura de mais ruas para escoamento de carros, com mais sinalização, retornos e principalmente a melhoria no sistema de transportes coletivos. Parece até que os rondonienses querem ver nomes de políticos nas obras.

Mais do que obras faraônicas, o nosso Estado precisa de educação e cultura. Precisa investir em seu futuro, precisa se precaver da ressaca que fatalmente virá com o término destas construções. Os ciclos da borracha, do ouro, da cassiterita vieram e se acabaram deixando apenas conseqüências nefastas. Devíamos ter aprendido alguma coisa. Com toda esta grana, quantas universidades estaduais ou mesmo municipais poderiam ser criadas? Poderíamos criar centros de pesquisas voltados para a demanda do mercado interno e escolas para formar mestres e doutores. Se hoje há dinheiro, devíamos sim, pensar no futuro com vários campi universitários espalhados pelo Estado.

Só que estamos seguindo o exemplo da Venezuela, que está perdendo uma excelente oportunidade de se transformar em uma grande potência regional com o dinheiro do petróleo. Já a Coréia do Sul e o Japão investiram tudo em educação e cultura e em menos de 30 anos já estavam colhendo os frutos. Rondônia e os rondonienses estão mais para a rompança latino-americana do que para a visão de mundo e a disciplina oriental. Qualquer universidade de fundo de quintal seria melhor do que a Unir. E se faltar bons profissionais, viriam os de fora para nos ajudar a não perder mais este bonde da História.


*Leciona em Porto Velho


quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Dia do professor - JBC











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PARABÉNS A GALERA DO JBC!!!!!!

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

DIA DO PROFESSOR, DIA DE SONHAR!

Prof. Diogo Tobias Filho*


Homenageamos por tradição no dia 15 de outubro o professor, único trabalhador que se dedica à formação das mais variadas profissões. Lamento serem poucos os iluminados pela benfazeja gratidão que ainda se lembram da primeira professorinha. Eu visitei a minha recentemente e a encontrei abandonada num asilo, pobre de doer, sobrevivendo das doações dos seus ex-alunos de boa cepa, entre médicos, engenheiros, odontólogos, advogados e eu, professor, o mais pobre da antiga turma.
Felizmente, em 2009 está sendo diferente. Com o fabuloso salário, gentilmente pago pelo Sr. Ivo Cassol, um político “eternamente grato aos docentes” que lhe introduziram no seleto grupo da intelectualidade, já vivo sonhando com meu 15 de outubro todos os dias; na véspera, após a aula, reunirei a família e me hospedarei na suíte de um hotel 5 estrelas, de modo que, ao acordar, após o lauto café-da-manhã, começarei minha maratona de comemoração. Inicialmente minha família irá até uma concessionária de veículos importados para realizar um sonho antigo: comprar aquele carrão que Cassol compra aos borbotões, sobretudo porque, o incontestável poder aquisitivo do meu salário me possibilita fugir dessas biroscas motorizadas que os mais simples chamam de carro popular. No almoço pedirei cardápio especial, incluso aí, bacalhau de primeira, champagne francês, filé com nozes americanas, e de sobremesa, deliciosas ameixas européias acompanhadas de maçãs argentinas. Meus filhos certamente não se lembrarão daquela merenda escolar, cujo cardápio se constitui eternamente de sopa, feijão e arroz tipo 2, carne de 2ª, macarrão melequento enfeitado com um galhinho de coentro para enganar a galera.
À tarde, o sonho virá com o compromisso principal: a compra de notebooks, câmaras e filmadoras digitais, CDs culturais e livros atualizados, investimento que faço pensando em levar para sala de aula a mais alta tecnologia que o governo Cassol alega não ter dinheiro para oferecê-la aos alunos da rede pública. Pretendo ainda me especializar, de modo que, o décimo–terceiro salário reservarei para o mestrado no exterior, provavelmente em Harvard nos Estados Unidos, assim aprimoro meu inglês, matando dois coelhos com uma cajadada só. Tudo realizado da forma discreta para evitar a ostentação, aquela doce tentação em mostrar sinais exteriores de riqueza. Ao ocaso deste inesquecível dia, num prazeroso jantar - à luz de vela - degustaremos caviar com vinho do Porto.
Então, a atrevida realidade resolveu me aparecer. O sonho estava maravilhoso até que, num átimo de infelicidade, minha filha me deu um doloroso beliscão, simplesmente para me acordar e lembrar que no dia seguinte, ela iria à escola na periferia de Ji-Paraná e eu teria jornada de trabalho em três colégios para ganhar um pouquinho melhor e tentar viver com mais dignidade. A pequenina alertou-me: as rodas do nosso único meio de transporte estavam precisando de conserto. Graças ao último aumento de 4% (parcelado em 2008) que Ivo Cassol me concedeu, saí em disparada, comprei dois pneus novinhos em folha para colocar na minha inseparável bicicleta vermelha, modelo antigo, ano 79, velha e cansada da guerra... Que pena, o sonho acabou! De qualquer forma, feliz dia do professor, companheiros de luta!


*O autor é professor de filosofia em Ji-Paraná (E-mail: digtobfilho@hotmail.com)

Parabéns para nós, os "sofressores" que vão mudar o mundo!


A “in-FELICIDADE” de ser professor!


Professor Nazareno*


O dia 15 de outubro não deveria ser dedicado a nós professores. “É muito pouco para quem tanto fez e ainda faz pelo progresso e pelo desenvolvimento do Brasil”, devem pensar alguns incautos e desinformados. Com todo este progresso e todo este desenvolvimento que estamos vendo por aí é de se pensar o que nós, os mestres, estamos fazendo realmente por este país, periferia de capitalismo. Talvez, por isso, recentemente o MEC divulgou na mídia uma propaganda mostrando o progresso e o desenvolvimento que existem de fato em vários países do mundo: o responsável? Ora, o professor, pronunciado em vários idiomas.

No Brasil, a realidade é outra e completamente diferente. E o entrave maior não é o salário. Nunca foi. Também não é a indisciplina de alguns alunos ou a sujeira existente dentro das salas de aula. Muito menos as constantes brigas do nosso sindicato com os governantes de plantão nem as perseguições ridículas de alguns diretores de escolas. O nosso maior problema é que temos uma sociedade que não valoriza a educação. Da porta da sala de aula para fora, talvez menos de dez por cento dos brasileiros vêem na escola alguma função que se possa associar à vida cotidiana. Daí, a “bola de neve” cresce e é absorvida espertamente pelos políticos. Até os do PT.

Salário de professor no Brasil é menos do que muitas prostitutas ganham para lavar pratos. No entanto, baixo salário não é problema. Os médicos de Porto Velho, por exemplo, ganham na maioria das vezes salários astronômicos e a saúde local está um caos. É preciso observar quem de fato exerce dignamente a sua função. Quem realmente tem compromisso com a educação e o futuro deste país. Um bom professor não pode ganhar a mesma coisa que um mau professor. Por isso, é comum ouvirem-se afirmações de que há professores que ganham mal pelo muito que fazem, enquanto outros ganham muito bem pelo pouco que desempenham em sala de aula.

Nos países cujas sociedades valorizam o estudo, a educação, o que se vê é uma multiplicação de oportunidades e um franco progresso e desenvolvimento a exemplo da Coréia do Sul, Japão, Holanda, Bélgica, Finlândia, Estados Unidos, etc. O imperador japonês, por exemplo, presta reverência a qualquer professor que vá visitá-lo. Imagine-se Ivo Cassol, Lula ou Roberto Sobrinho, que é psicólogo, fazerem isto a um professor. O nosso Presidente e o Governador do Estado têm, juntos, menos anos de estudos do que um camelô ou um gari. Ainda assim, o nosso país é um dos que mais investem em educação. O problema é que esta verba é sempre mal gerenciada.

Professor é azarado mesmo. São poucos os que sabem escrever um bom texto ou raciocinar de forma consciente. E quando tentam fazê-lo, quando ousam mostrar o pouco ou o quase nada que sabem, seus raros leitores já o vêem como um sujeito depressivo, infeliz, ranzinza ou pedante e põem logo em xeque a sua capacidade profissional ou tentam calá-lo ameaçando o seu diminuto salário. Muitas pessoas acreditam que professor é sempre um sujeito de boa educação, polido, paciente e que deveria escrever somente aquilo que os hipócritas gostariam de ler. Eu, por exemplo, tenho um Blog com meia dúzia de leitores: eu mesmo, minha esposa quando tem tempo, minha filha quando eu a obrigo, e mais duas ou três pessoas.

Apesar de tudo, ser professor é ser feliz, é saber que na sociedade se exerce a função de cabeça, a função de conduzir os outros. “Quem faz aquilo de que gosta não precisa trabalhar”. Mas a educação e o professor ainda vão custar muito a alcançar valor neste país de “jecas”, nesta nação de pouca visão educacional, neste submundo dominado pelo maniqueísmo e pela astúcia de poucos. Haverá um dia em que greve de professores será por melhorias no sistema de educação e não pela insana vontade de ganhar tanto quanto ganham as empregadas domésticas, os garis, os cobradores de ônibus e outras categorias tão importantes para a sociedade, mas que não precisaram defender nenhuma tese de mestrado ou doutorado.



*É professor em Porto Velho


terça-feira, 13 de outubro de 2009