Quinta-Feira , 05 de Novembro de 2009 - 16:40
Acompanhei de perto a pendenga entre o Professor Nazareno e o colunista cultural Zé Katraca (Sílvio Santos). Até publiquei no meu blog (www.sergioramos.com.br). Deixando de lado os egos, vale à pena fazer uma reflexão sobre o que realmente poderia interessar nesse bate-boca.
Cultura e educação deveriam andar juntas, a exemplo das escolas americanas onde a música é disciplina é obrigatória. A aprender música, para os americanos, é desenvolver raciocínio lógico, cujo resultados nós já conhecemos: pessoas desenvolvidas, são a base para um países desenvolvidos.
O bate boca entre o professor e o colunista cultural retrata bem a nossa condição de terceiro mundo, e de país num processo de desenvolvimento infinito. Tenho a impressão de permaneceremos assim. Creio eu, que criaremos o quarto mundo.
No Brasil, é complicado considerar algum debate de alto nível, quando as autoridades se utilizam de um linguajar rasteiro para se fazer entender. E passa a ser referência. Se isso não bastasse, as letras das nossas músicas seguem o mesmo caminho. Resultado: solidificação de uma cultura onde as pessoas se utilizam da pior parte do nosso idioma, em nome de popularidade.
Dito isso, creio que o nível da discussão procede. Tanto que surtiu efeito. Tenho minhas dúvidas de que se os textos fossem escritos de forma adequada, ou seja, sem essa popularidade toda, se isso estivesse acontecendo. Esse espanto é pura hipocrisia. Enfrentamos um paradoxo: estamos acostumados a ouvir e ler sobre assuntos sérios de forma banalizada. Duvida? Acompanhe qualquer um dos 4 programas (alguns ainda repetem) policiais que passam no horário de 12h00 às 14h00 horas.
Quanto a questão do símbolo, querer comparar Nova Iorque e a sua Estátua da Liberdade, Paris e sua Torre Eiffel, Rio de Janeiro e o seu Cristo, etc., com Porto Velho e suas Três Caixas D’água, não faz sentido, considerando a história singular de cada umas dessas cidades. Creio que o professor realmente quis brincar com os sentimentos dos portovelhenses, e conseguiu, pois me recuso a acreditar no contrário, tendo em vista a sua condição de PROFESSOR.
Cultura é permeada por símbolos. Somos uma sociedade que precisa de referências. E quando se trata de cultura, não existe melhor ou pior, uma vez que, para as pessoas que acreditam em determinados símbolos, é o suficiente, pois nisso, está baseado a sua forma de vida e até auto-estima. Daí, a revolta de alguns portovelhenses, pois o professor mexeu com algo sagrado, mexeu com um símbolo, que para muitos, principalmente para os mais antigos, é realmente sagrado. Viveram a história. Sabem o que representa, no caso, as Três Caixas D’Água. Não é justo desmoralizar um símbolo que representa tanto para o município. As Três Caixas D’água, é sustentada pela incrível história da Madeira-Mamoré. Merece respeito.
Em função da imensa imigração, Porto Velho se tornou uma cidade que tem um terço de sua população nascida aqui, o que pode explicar o descaso com a história. Talvez seja o caso o professor, que é paraibano. Porém, sou maranhense, e não tenho coragem de agredir o símbolo da cidade que me acolheu.
Um símbolo é a crença de um povo. Alguém deu a idéia, outros a tornaram lei, mas se não fosse a aceitação do povo, não seria um símbolo. É o caso das Três Caixas D’Água. A população a reconhece como tal. O poder municipal reconhece como tal.
Agora vejam isso: na Isto É, de 28 OUT/2009, Nossa Senhora foi desenhada na visão dos gays, e não vi nenhuma crítica ferrenha contra isso, considerando, claro, que o Brasil é um país católico, e alguém duvida que a imagem de Nossa Senhora não é um símbolo sagrado? É um direito deles. Não vi nenhuma defesa com relação as charges feitas sobre o Cristo Redentor ou o Congresso Nacional. É o tal do direito de expressão. É assim que somos. O que me deixa intrigado é essa profusão de opiniões sobre o assunto das Três Caixas D’Água, que na minha opinião não passa de uma brincadeira. De mal gosto é claro. Creio que o professor tem mais a contribuir. Porto Velho agradeceria, Rondônia agradeceria e o Brasil agradeceria.
O professor reclamou das palavras do colunista cultural. Olho por olho, dente por dente. Semeou colheu. Se quisesse respeito, teria respeitado. Mas quanto sugestão de “censura” professor, lembrem-se do repórter americano, que escreveu sobre os hábito do “mito”. Quase que foi expulso. Houve contras e simpatizantes com a idéia. Lembrem-se do impedimento de um jornal paulista de publicar informações sobre um certo “ícone” da política nacional. É assim. Estamos adquirindo novamente a cultura de censura. Contra essa tendência não se fala nada. É normal que seja adotada em menor escala. E estamos em plena democracia. É tanta democracia que os poderes não tem mais tanto poder assim. Respeito? Viva a liberdade. Mas, que liberdade?
Uma coisa tenho que admitir, serviu para evidenciar que Porto Velho é uma cidade que também tem seus símbolos. Que Porto Velho tem liberdade de expressão. Que Porto Velho tem pessoas críticas. Isso é um bom sinal.
O ruim, é que para tudo isso aparecer é preciso falar de coisas importantes na linguagem das letras, de gosto duvidoso, do forró, hap, funk, e os outros ritmos, que, incompreensivelmente, até gostamos. Devo, portanto, respeitar quem gosta dessas letras. Afinal, o país permite a proliferação dessa, vamos dizer assim, forma de expressão.
Porém, essa permissividade, contribui para que, somente xingando com palavrões, comparações desastrosas, as pessoas se sintam provocadas. Poderíamos melhorar o nível. Mas isso depende de educação. Mas da forma como o professor se expressa, Porto Velho corre o risco de perder suas referências, pelo menos para os seus alunos. Afinal, a escola é onde os moradores de uma cidade conhecem a cidade, através da sua cultura, geografia, política, economia, etc.
Se todos os professores agirem como esse, aí sim, Porto Velho, na próxima geração, realmente será uma cidade sem símbolo.
Saiba mais sobre símbolo.
Símbolo
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
O termo símbolo, com origem no grego (sýmbolon), designa um elemento representativo que está (realidade visível) em lugar de algo (realidade invisível) que tanto pode ser um objecto como um conceito ou idéia, determinada quantidade ou qualidade. O "símbolo" é um elemento essencial no processo de comunicação, encontrando-se difundido pelo quotidiano e pelas mais variadas vertentes do saber humano. Embora existam símbolos que são reconhecidos internacionalmente, outros só são compreendidos dentro de um determinado grupo ou contexto (religioso, cultural, etc.).Ele intensifica a relação com o transcendente.
Também pode ser uma palavra ou imagem que designa outro objecto ou qualidade por ter com estes uma relação de semelhança.
A representação específica para cada símbolo pode surgir como resultado de um processo natural ou pode ser convencionada de modo a que o receptor (uma pessoa ou grupo específico de pessoas) consiga fazer a interpretação do seu significado implícito e atribuir-lhe determinada conotação. Pode também estar mais ou menos relacionada fisicamente com o objecto ou idéia que representa, podendo não só ter uma representação gráfica ou tridimensional como também sonora ou mesmo gestual.
A semiótica é a disciplina que se ocupa do estudo dos símbolos, do seu processo e sistema em geral. Outras disciplinas especificam metodologias de estudo consoante a área, como a semântica, que se ocupa do simbolismo na linguagem, ou seja, das palavras, ou a psicanálise, que, entre outros, se debruça sobre a interpretação do simbolismo nos sonhos.
Fonte: Sérgio Ramos (www.sergioramos.com.br)
quinta-feira, 5 de novembro de 2009
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