Religião Atrapalha
Professor Nazareno*
Várias vezes já se disse que religião, futebol e política não se discutem. Cada povo, cada cultura, cada nação praticamente tem a sua religião. Até os mais remotos povos ou índios perdidos nas florestas professam alguma coisa que se pode chamar de religião. Talvez seja medo do que é desconhecido. A frase “Se Deus não existisse, o homem inventaria um” atribuída a Albert Einstein é uma prova cabal destas afirmações. No entanto, não são poucos os exemplos de povos que foram e vão à guerra por motivos religiosos. A História está repleta de maus exemplos dados por quem acredita ser seguidor de Deus. Nem falemos sobre as Cruzadas e os Tribunais da Santa Inquisição.
Além do mais, religião atrapalha e muito. Embora quem tenha uma não perceba jamais esta característica. A cidade de Porto Velho, por exemplo, será sede por estes dias do 12º Intereclesial 2009. Foram mais de três mil pessoas inscritas para o Encontro Intereclesial das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) que começa nesta semana. A maioria dos inscritos são delegados escolhidos para representar as 272 dioceses do Brasil, organizadas nas 17 regionais da CNBB. Desse número fazem parte ainda 94 representantes dos povos indígenas, 61 da América Latina, 32 jornalistas, 53 bispos, 35 convidados, 97 assessores.
Em tempos de gripe suína, é um perigo a nossa cidade receber delegados do México, Argentina e Chile só para ficar nestes exemplos. Nada contra os “hermanos”, mas todo mundo sabe dessa nova doença e do seu potencial de transmissão que está assombrando a humanidade com uma incontrolável pandemia. Mas se os “irmãos evangélicos” trazem repetidamente suas atrações para a nossa cidade, os católicos não poderiam ficar como meros observadores. E como “a cidade das hidrelétricas” vive um momento ímpar
Há algumas semanas, milhares de pessoas foram ver o missionário paulista R.R.Soares na Avenida Imigrantes estrelar o show denominado ‘40 anos Poder’. Durante mais de dois dias o trânsito no local virou um inferno. Ruas foram interditadas sem nenhum constrangimento. Até o prefeito das obras inacabadas, Roberto Sobrinho, participou dos sermões e na ocasião disse que eventos como este, são prova da força da comunidade evangélica e, acima de tudo, nos mostra que o porto-velhense está trilhando o caminho certo e seguindo os ensinamentos de Deus. Mas nada falou sobre os transtornos causados aos motoristas nem em quê aquele mesmo espaço de orações se transforma nas noites de sábado, domingo e feriados.
Se os católicos poderão ser responsabilizados pela possível disseminação da “gripe do porco” em Rondônia, os Adventistas do Sétimo Dia podem interromper a realização das provas do Enem, o Exame Nacional do Ensino Médio, pois durante uma audiência no MEC foi feita uma solicitação no sentido de que na normativa para aplicação desse exame conste a necessidade de existência de uma sala onde os guardadores do sábado possam ficar reservados até o horário do pôr-do-sol do sábado, dia 03 de outubro, quando então, farão a prova. Tomara que muçulmanos, judeus e até mesmo os cristãos católicos não se mobilizem para reivindicar qualquer outra regalia.
*Leciona na Escola João Bento da Costa
Nenhum comentário:
Postar um comentário