“Na Unir é assim mesmo...”
Professor Nazareno*
Existe um ditado popular afirmando que teoria é quando se sabe tudo e nada funciona. Prática é quando tudo funciona e ninguém sabe o porquê. Na Unir, Universidade Federal de Rondônia, conjugam-se teoria e prática, pois quase nada funciona e ninguém sabe por que. Esta universidade só podia ser mesmo do Estado de Rondônia, a latrina do Brasil, afinal ninguém sabe quem merece quem, porque se fosse de um estado desenvolvido e sério, quase todos os seus dirigentes, reitores, professores e demais funcionários já teriam sido punidos. Se fosse uma universidade dos Estados Unidos ou da Europa, fato absolutamente impossível, cadeira elétrica e prisão perpétua seriam castigos rotineiros para coibir tanto descaso.
Quase todos os anos, a Unir enfrenta sérios problemas para realizar o vestibular anual da instituição. Realizar, não. Pagar para outras universidades fazer todo o serviço como se em Rondônia não houvesse profissionais competentes para organizar um simples processo seletivo. Até os acreanos, na UFAC, realizam o seu próprio método de ingresso na universidade. Dizer que é mais seguro elaborar as provas fora do estado é pura tolice. Seria, em tese, admitir que não há corrupção no vizinho estado. Vazamento de gabaritos em provas de vestibular e concursos públicos já virou rotina em qualquer estado da federação. Nenhuma novidade nesta periferia de capitalismo.
Além do mais, para organizar um simples concurso vestibular a Unir sempre foi um fiasco. A desorganização sempre foi a marca da instituição. E este ano não foi diferente. No ano passado, por exemplo, foram dez erratas no edital com direito até a censura do livro ‘O Matador’ de Patrícia Melo. No último dia 07 de julho foi publicado um edital para o Vestibular 2010, só que ninguém conseguiu se inscrever na data anunciada. Era um documento de mentirinha. Mudaram as datas das inscrições e da realização das provas. Como se pode observar, a nossa única universidade pública nunca esgota seu repertório de sandices, desrespeitos e absurdos contra a comunidade local. Pelo visto, muitos dos sábios do Campus José Ribeiro Filho, os “professores–doutores” ainda têm muito que aprender sobre ensino, pesquisa e extensão.
Esquisitices sempre aconteceram na Unir, mas a situação está tão decadente que quando algum funcionário metido a filantropo promove gincana para ajudar os famélicos do lixão, todos já acham que se trata de extensão. Localizada entre um cemitério e o lixão da capital, a nossa universidade parece que é administrada por Roberto Sobrinho, o prefeito campeão em obras inacabadas, ou mesmo o governador Ivo Cassol que está na iminência de ser cassado. Realmente: qual a pesquisa levada a cabo pelos técnicos daquela instituição pública de ensino que teve ou tem destaque ainda que regional? Até no curso de Medicina há denúncias de aprovações ilegais e de repercussões corporativas por parte dos alunos, os futuros médicos aqui formados.
Apontada como uma das piores instituições públicas de ensino superior da Região Norte perde feio para a UFPa, a Universidade do Amazonas e a Unitins, do Estado do Tocantins, segundo publicação da revista Guia do Estudante da Editora Abril Cultural. A Universidade Federal de Rondônia e o seu meio acadêmico ainda precisam aprender muito sobre sua relação com a comunidade onde está inserida, pois ao mudar constantemente seus editais de forma maniqueísta e anti-popular ela comete um erro imperdoável e erram também os que compactuam com estas atitudes nefastas. Se a nossa justiça não fosse tão desacreditada, elitista e morosa certamente este ano já seria acionada antes mesmo de começarem as provas do próximo vestibular já que muitos vestibulandos se programaram “com base no outro edital". Pobres futuros acadêmicos.
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