domingo, 12 de abril de 2009

NO PAÍS DAS PIABAS

-Assim não dá,não podemos deixar aquele Jaú safado tomá conta da situação.
-Calma querido,nós num pode fazer nada,foi sempre assim e sempre será,se conforma.
-Num quero nossos filhos precisam ter a garantia de que a vida deles vai ser melhor,viver desse jeito é melhor nem viver.
-Num é pra tanto,viu as coisas se ajeitam,tenha paciência.

Todo dia o casal brigava pelas mesmas coisas,o filho mais velho estava estudando fora da região para garantir um futuro melhor.Sua chegada era próxima.O presidente do país sentia-se impotente diante de tantos problemas para resolver.Fora escolhido por sua força e valentia.Era o mais poderoso entre todas as piabas da região.Dourado,o nome dele,andava muito com seu segurança,o Tucunaré.O país sofria com a dizimaçao de sua espécie pelo predador mais terrível que já existira,o bicho da superfície.Eles entravam no lago e levavam uma multidão de piabas em suas redes,se não bastasse isso,jogavam detritos no lago,sufocando e deixando outros tantos de piabences doentes e fadadas à morte.Contava a lenda que eles comia até sua própria espécie,ninguém desse pais conseguia imaginar que isso pudesse ser verdade.Não podia haver na natureza alguém tão cruel.
As leis desse pais se cumpridas poderiam minimizar as dores da população,o problema é que o Senado e a Câmara era guiada por interesses de quem patrocinava a candidatura dos representantes do povo.Em meio a tantos problemas,chega uma minúscula piabinha,recém formada e cheia de sonhos em construir um mundo melhor.Os pais dela haviam finaciado seus estudos.Desconhecia que o país estava tão ruim assim,pois os pais sempre esconderam-lhe a verdade,nao queriam desviar a atenção do filho.Muito esperançoso por mudanças,conseguiu que uma reunião à margem do lago fosse organizada,à contra-gosto,porque os poderosos não admitiam que seus privilégios fossem afetados e suspeitavam que essa pequena piabinha pudesse causar tanto estrago,afinal ninguém sabia de sua índole.
A população estava ansiosa por novidades e viram nele a possibilidade de verem seus problemas diminuidos.Os pais dele estavam presentes.Tomou a palavra.
-Quando nasci,cresci com o temor de ser engolido pelo bicho da superfície,eles acreditam se assim o fizerem poderão nadar tal qual qualquer um de nós.Se unidos formos poderemos reverter a situação,depende de cada um acreditar e tranformar o mundo em que vive.Comecem pelo lar de vocês e vão num crescendo que tudo dará certo.
Todos sabiam que aquilo fazia sentido e mudar era algo urgente,necessário,aos poucos a população o aplaudia e sua popularidade era inevitável,o Jaú não podia admitir que aquilo fosse adiante,pegou da palavra em seguida.
- Quem você pensa que é para por em dúvida a força do Estado,nós somos capazes sim de suprir as nacessidades de nossa gente,não será nenhum impostor que provavelmente é financiado pelos banqueiros que irá mudar o mundo.Que brincadeira é essa?Você está querendo é se promover e como responsável por esse pedaço de território não admitirei que ninguém questione nossa força.O bicho da superfície um dia será exterminado por si mesmo e nós vamos sobreviver a eles.Tomado dessa suposta autoridade e vendo que suas palavras surtiam um certo efeito nos ouvintes,devorou sem demora a pequena piabinha.Para eles isso também era natural,tanto que nem se constrangeram.Os pais do devorado,cabisbaixos,saíram sem dizer palavras.Só se ouviu um leve sussurro:
-É querida num tem jeito não,vamo esperá a morte chegar,que ela venha ligeira como veio pro nosso filho.

categoria: crônica

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