terça-feira, 1 de setembro de 2009

As coisas estão mesmo mudando?


“Céus de Agosto”


Professor Nazareno*


Parece até mentira, mas já faz uns trinta anos que o povo rondoniense não via o céu do mês de agosto. Durante todo este tempo, uma vasta extensão do território nacional, do Estado do Pará até o Acre, “o cinturão do fogo” ardia impiedosamente entre os meses de junho e setembro. No verão amazônico, aqui só se via fumaça. As queimadas imperaram durante todo este tempo e pulverizaram grande parte da Amazônia e deram ao mundo a impressão de que nós brasileiros não sabíamos cuidar das nossas florestas.

As pressões internacionais parecem ter funcionado ou então a consciência dos “brasileiros incendiários” mudou repentinamente, devem pensar alguns incautos ecologistas de plantão. Mas nem uma coisa nem outra aconteceu. As autoridades se apressaram em mostrar dados estatísticos comprovando que as queimadas diminuíram sob suas gestões à frente dos inoperantes órgãos de defesa do meio ambiente. Sema, Sedam, Ibama, Sivam, Sipam e muitas outras repartições ligadas ao setor comemoraram os céus limpos de Rondônia fazendo coro ao Hino: “Azul, nosso céu é sempre azul...”. Ultimamente nunca foi, só agora em 2009.

Só que quase ninguém parece ter percebido que praticamente não houve estiagem prolongada este ano na nossa região. Choveu toda semana do mês de agosto, por exemplo, impossibilitando desta forma a prática das queimadas tão rotineiras para nós. No dia vinte e dois de agosto, especialmente dedicado a esta prática pré-histórica de convivência com a natureza, caiu uma chuva daquelas em Porto Velho. O Aeroporto Internacional Governador Jorge Teixeira de Oliveira não teve suas atividades paralisadas um único dia por causa da fumaça. Um avanço para ser comemorado.

Além do mais, os hospitais da capital e toda a deficiente rede de saúde da cidade não estiveram abarrotados de pessoas com problemas alérgicos tão típicos desta época do ano. A preocupação maior é com a gripe suína e os seus desdobramentos. Sendo assim, São Pedro, que talvez não entenda nada de meio ambiente, pode ter colaborado para melhorar nossa precária qualidade de vida. Uma ajuda que veio do céu, pois se dependesse das nossas autoridades, certamente a visibilidade e a saúde de alguns estariam muito comprometidas.

Todos os brasileiros temos de entender que a preservação da Floresta Amazônica é um dever para cada cidadão deste país e principalmente para quem aqui reside. Este dever de casa deve ser feito de maneira correta e rotineira. O mundo precisa perceber que temos competência de sobra para preservar as nossas matas. Qualquer deslize de nossa parte pode reacender o delírio da internacionalização desta região que é nossa. Com a iminente falência da política da “guerra ao terror” os Estados Unidos já estão chegando e pretendem instalar sete bases militares na vizinha Colômbia. Todo cuidado é pouco.



*Leciona na escola João Bento em Porto Velho - profnazareno@hotmail.com

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