quinta-feira, 25 de junho de 2009
Realitate
O caos nos Serviços Públicos Essenciais em RondôniaO Governo Estadual gasta milhões de reais com propagandas sobre falsas melhorias na Saúde, na educação e na segurança pública do estado de Rondônia. Os serviços públicos essenciais em Rondônia estão abandonados. Deputados saem em defesa de Cassol e diz que, se houver cassação, Rondônia sofrerá retrocesso . Mas nosso Estado caiu em desgraça quando o nosso povo ratificou o primeiro mandato do Sr. Ivo Cassol, e nosso povo acreditando na boa índole do governador legitimou um segundo mandato, impulsionados pela gratidão devido ao cascalhamento de estradas vis sinais, asfalto de alguma estrada, algumas horas de trator em sua terra ou por causa de ter recebido algumas sementes para planta. Mas, eu vos pergunto a que preço? Nosso governador não bate prego sem estopa. Por trás dos tratores, do cascalho e do asfalto há os laranjas e o superfaturamento. Há retrocesso maior do que a falência dos serviços públicos estaduais. Se o Sr. Ivo Cassol fosse cassado seria um dia de gloria para o nosso querido Estado de Rondônia que sofre com os desmandos deste déspota que nos parece muito mais um antigo coronel de barraco do que um governador de Estado. Neodi disse que a ameaça de cassação do mandato do governador " tem tirado sono de muita gente, principalmente da população que ratificou o segundo mandato a Ivo Cassol ". Está louco, com certeza tem tirado o sono dos apadrinhados, correligionários e puxa-sacos de plantão. Estes sim, iriam sofre muito. Já que iriam perder a mamata. É necessário esclarecer que o Estado de Rondônia tem plenas condições de atender as reivindicações dos servidores estaduais, a prova disso é que o Sr. Ivo Cassol criou uma nova secretaria em março deste ano, uma tal de “Assuntos Estratégicos”, e mais centenas de cargos comissionados; concedeu 25% de aumento aos maiores salários do Executivo; a arrecadação cresceu 14% de janeiro a abril deste ano; e foi anunciado recentemente o maior pacote de obras (asfalto e concreto) da história de Rondônia, 1 bilhão e 200 milhões de reais. É bom lembramos que o homem não dar ponto sem nó. Agora ele busca tira a atenção da opinião pública para o cão da saúde pública em Rondônia ao atacar mais uma vez com o populismo tentando convencer o povo humilde da vila do Rio Pardo que ele governar para eles e por eles. Toda esta gente não passa de massa de manobra nas mãos de madeireiros e grileiros. Para os poderosos de Rondônia são apenas peças descartáveis em um jogo que visa lapida as riquezas naturais.
de João Batista
Postado por Cícero http://latuscultus.blogspot.com/2009/06/futuro.html
Marcadores: Latuscultus posta a opinião do João batista.
quarta-feira, 24 de junho de 2009
Rondônia em estado de guerra
Professor Nazareno*
Um ditado popular afirma que quando os ratos estão se mexendo no porão é por que o navio está prestes a afundar. Claro que Rondônia não é nenhuma embarcação, mas por aqui há muitos roedores inquietos ultimamente. De um lado, o governador do Estado, Ivo Cassol com o seu inseparável chapéu, sotaque caipira e uma multidão de fiéis seguidores. Do outro, Roberto Sobrinho, prefeito da capital, um arremedo de professor e psicólogo e ex-líder sindical. Ambos estão no segundo mandato de seus respectivos cargos. Foram talvez reeleitos não por causa da competência que juram possuir, mas por absoluta falta de opção do nosso minúsculo e alienado eleitorado. O primeiro é catarinense de Concórdia, o segundo é paulista.
Enganam-se os que pensam que isto aqui vive dias intranqüilos como o Irã dos aiatolás ou a insegurança do Iraque dos carros-bomba. A nossa situação é bem pior do que os dois países citados. Rondônia não pode ser comparada nem a Darfur no Sudão ou a Biafra, Somália e Eritréia na África miserável. Enquanto nessas regiões e no Oriente Médio a refrega se dá por motivos políticos, étnicos e às vezes até religiosos, em terras rondonienses os nossos líderes ensaiam um sururu por causa do vil metal mesmo, o dinheiro, a pura ambição. Afinal de contas, a terra dos Uru-Eu-Wau-Wau já está acostumada ao ‘ronco do trabuco’. A imagem que o Brasil tem de Rondônia certamente não é das melhores. Até senador da República já foi metralhado por aqui.
Recentemente em visita a Porto Velho, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, apresentou balanço regional das obras do PAC em Rondônia. Participaram os ministros das Cidades, Marcio Fortes, e dos Transportes, Alfredo Nascimento. O total de investimentos em saneamento e habitação no estado é de mais de 1,3 bilhões de reais. Mas há muito mais dinheiro que pode ser despachado para cá. A Ministra teria anunciado cifras astronômicas que chegariam a mais de 16 bilhões de reais e isto sem falar na construção das hidrelétricas do Madeira, nos viadutos, etc. A visão da administração petista é dividir o bolo antes que ele esteja pronto, resumiu a futura candidata à Presidência da República.
Com tanto dinheiro em jogo não é difícil entender por que os nossos mandatários estão com os nervos à flor da pele. Todo mundo anuncia imediatamente ‘parcerias’ com o Governo Federal. Os principais sites de notícias da região, aqueles da imprensa marrom, e os outros meios de comunicação se esmeram em apresentar matérias que elogiam ou denigrem a imagem das autoridades dependendo do caso. “O queijo está em cima da mesa e os ratos embaixo dando voltas para ver quem fica com o maior quinhão, para ver quem abocanha a maior parte.” O espectador desta luta livre, deste boxe tupiniquim, desta falta de vergonha, é o povão, o eleitorado. É esta a visão bem resumida da nossa decepcionante situação atual.
Passeatas são convocadas para apoiar um ou outro nesta contenda. É o prefeito das obras inacabadas contra o governador que pode ser cassado a qualquer momento. Infelizmente estão todos, governador, prefeito e respectivos seguidores, totalmente errados. Rondônia representa menos de meio por cento das riquezas nacionais. O número de nossos eleitores é algo desprezível: em torno de 0,8 por cento do eleitorado do país. Para o Brasil, a nossa importância é muito próxima de zero. E não devemos nos iludir: o restante do país só está nos olhando por causa das hidrelétricas. Se nossos representantes fossem rondonienses e gostassem mesmo desta terra, ficariam unidos e lutariam pelos recursos de que tanto precisamos. Como dividir um bolo inacabado?
* O professor Nazareno leciona na Escola João Bento da Costa em Porto Velho
Um ditado popular afirma que quando os ratos estão se mexendo no porão é por que o navio está prestes a afundar. Claro que Rondônia não é nenhuma embarcação, mas por aqui há muitos roedores inquietos ultimamente. De um lado, o governador do Estado, Ivo Cassol com o seu inseparável chapéu, sotaque caipira e uma multidão de fiéis seguidores. Do outro, Roberto Sobrinho, prefeito da capital, um arremedo de professor e psicólogo e ex-líder sindical. Ambos estão no segundo mandato de seus respectivos cargos. Foram talvez reeleitos não por causa da competência que juram possuir, mas por absoluta falta de opção do nosso minúsculo e alienado eleitorado. O primeiro é catarinense de Concórdia, o segundo é paulista.
Enganam-se os que pensam que isto aqui vive dias intranqüilos como o Irã dos aiatolás ou a insegurança do Iraque dos carros-bomba. A nossa situação é bem pior do que os dois países citados. Rondônia não pode ser comparada nem a Darfur no Sudão ou a Biafra, Somália e Eritréia na África miserável. Enquanto nessas regiões e no Oriente Médio a refrega se dá por motivos políticos, étnicos e às vezes até religiosos, em terras rondonienses os nossos líderes ensaiam um sururu por causa do vil metal mesmo, o dinheiro, a pura ambição. Afinal de contas, a terra dos Uru-Eu-Wau-Wau já está acostumada ao ‘ronco do trabuco’. A imagem que o Brasil tem de Rondônia certamente não é das melhores. Até senador da República já foi metralhado por aqui.
Recentemente em visita a Porto Velho, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, apresentou balanço regional das obras do PAC em Rondônia. Participaram os ministros das Cidades, Marcio Fortes, e dos Transportes, Alfredo Nascimento. O total de investimentos em saneamento e habitação no estado é de mais de 1,3 bilhões de reais. Mas há muito mais dinheiro que pode ser despachado para cá. A Ministra teria anunciado cifras astronômicas que chegariam a mais de 16 bilhões de reais e isto sem falar na construção das hidrelétricas do Madeira, nos viadutos, etc. A visão da administração petista é dividir o bolo antes que ele esteja pronto, resumiu a futura candidata à Presidência da República.
Com tanto dinheiro em jogo não é difícil entender por que os nossos mandatários estão com os nervos à flor da pele. Todo mundo anuncia imediatamente ‘parcerias’ com o Governo Federal. Os principais sites de notícias da região, aqueles da imprensa marrom, e os outros meios de comunicação se esmeram em apresentar matérias que elogiam ou denigrem a imagem das autoridades dependendo do caso. “O queijo está em cima da mesa e os ratos embaixo dando voltas para ver quem fica com o maior quinhão, para ver quem abocanha a maior parte.” O espectador desta luta livre, deste boxe tupiniquim, desta falta de vergonha, é o povão, o eleitorado. É esta a visão bem resumida da nossa decepcionante situação atual.
Passeatas são convocadas para apoiar um ou outro nesta contenda. É o prefeito das obras inacabadas contra o governador que pode ser cassado a qualquer momento. Infelizmente estão todos, governador, prefeito e respectivos seguidores, totalmente errados. Rondônia representa menos de meio por cento das riquezas nacionais. O número de nossos eleitores é algo desprezível: em torno de 0,8 por cento do eleitorado do país. Para o Brasil, a nossa importância é muito próxima de zero. E não devemos nos iludir: o restante do país só está nos olhando por causa das hidrelétricas. Se nossos representantes fossem rondonienses e gostassem mesmo desta terra, ficariam unidos e lutariam pelos recursos de que tanto precisamos. Como dividir um bolo inacabado?
* O professor Nazareno leciona na Escola João Bento da Costa em Porto Velho
terça-feira, 16 de junho de 2009
Expovel: Cultura local ou circo horrores?
Professor Nazareno*
Acabou a Expovel em Porto Velho, graças a Deus. Foram longos dez dias de barulho, empulhação, poeira, mentiras e circo. Muito circo mesmo para os porto-velhenses, que de uma hora para outra, se viram transformados em moradores da “Capital do Rodeio”. A presepada começou mesmo no dia 06 de junho com um desfile patético pelas principais ruas daqui: mas foi muito bom, pois mostrou a verdadeira cara da nossa cidade com toneladas de sujeiras e lixo no meio das avenidas. E próximo à rodoviária este ano não plantaram aquela estátua ridícula de um boi insinuando que a capital de Rondônia era uma cidade country, como aquelas dos Estados Unidos. Que pena, pois o animal “bem-dotado” com um peão montado completaria o espetáculo circense. Muitos jovens da cidade, embriagados e vestidos à moda country dos americanos, com botas longas, chapéu grande (talvez imitando o ídolo Cassol) e vestimentas de couro, apesar dos quase 40 graus à sombra, completavam a deprimente exibição teatral. Impossível não ter pena ao ver tanta breguice. Um toque medieval em pleno século XXI. Se isto for cultura, não será diferente das outras, mas inferior mesmo. E a grande piada é que ainda existem moçoilas da região que se candidatam à rainha do evento. E pagam para isso. Que trono... Quanta barbaridade...
De fato, situada em plena floresta Amazônica e às margens do lendário e hoje já estuprado rio Madeira, Porto Velho em absolutamente nada lembra as verdejantes cidades da Califórnia e muito menos o próspero e progressista interior do Sul do Brasil. Comparar uma cidade de ‘beiradeiros e barnabés’, onde o contracheque responde por grande parte da economia local, com Barretos, Ribeirão Preto, Presidente Prudente, Londrina, Maringá ou Cascavel, por exemplo, é de um mau gosto sem nenhum precedente. Parece coisa de político ufanista ou mal informado em ano pré-eleitoral. Aliás, durante o período dos “festejos do peão” o que não faltou foi programa de rádio e televisão abrir espaços para as autoridades falarem à vontade e tecer loas ao pseudo-desenvolvimento do Estado. E os jornalistas de proveta, da imprensa marrom, muitos dos formados aqui mesmo, fazendo perguntas toscas aos políticos. Nestas horas quem se lembra de sanguessugas, mensaleiros, escândalos na Assembléia Legislativa, possível cassação do governador do Estado, prefeito de obras inacabadas, mídia comprada e outros afins?
Rondônia possui um dos maiores rebanhos de gado do país segundo dados do IBGE. O que não se entende é por que a nossa carne não é tão barata assim e boa parte da população do Estado, como os que vão aos espetáculos da Expovel, não tem acesso a essa iguaria. Talvez por isso o Mandi (pequeno bagre que se alimenta de fezes humanas) com farinha d’água seja um prato tão desejado na cidade. Para muita gente pobre deste lugar, degustar um bom e suculento filé ou uma picanha é tão difícil quanto arrematar qualquer objeto ou mesmo comprar um animal lá no Parque dos Tanques. Exposição de produtos agropecuários é coisa da elite. Em todos os negócios que foram fechados por lá só apareciam os poucos ricos do Estado. Para os pobretões, a ‘mundiça’, sobrou a Bailarina da Praça (nosso melhor produto de exportação) dançando com os bêbados ao som de uma dupla caipira chamada Victor & Leo e comendo “churrasquinho de gato” em meio à poeira. Não parecia o inferno de Dante, mas o de Satanás mesmo. Triste espetáculo. Coisa de rondoniense já achando que somos Primeiro Mundo... “Maninha, é o progresso de Rondonha”, afirmavam entusiasmados, alguns nativos, com o inconfundível sotaque.
Para os fazendeiros, os homens de negócios e os grandes pecuaristas do Estado sobrou a alegria dos polpudos lucros. Para os políticos de plantão, a certeza de terem colhido bons dividendos eleitorais e para o povão, a ressaca e a satisfação de saber que ‘sua mais fiel representante’ (a Bailarina da Praça) estava lá, como se no alto de um fictício pódio. Sem nenhuma cabeça de gado no pasto que não possuímos, nós rondonienses já parecemos conformados com a sina de que Rondônia nada mais é do que um quintal (ou curral) dos grandes pecuaristas lá do sul maravilha, a verdadeira Califórnia brasileira. Aqui só engordamos os bois que tanto lucro dão aos forasteiros. Sem plantar nem criar nada, só colhemos Corumbiara e outras mazelas sociais. Não é difícil entender por que com estas ‘papagaiadas’ não se faz jorrar mel e leite das nossas fedorentas ruas. E o pior é que muitos idiotas e pseudo-intelectuais de plantão, os que pensam que pensam, ainda querem discutir identidade cultural, fazeres e saberes de um povo, de uma região, de uma cidade. Quais saberes? Quais fazeres? Qual povo? Qual região? A não ser que a Bailarina da Praça dando suas piruetas seja um expoente cultural desta terra. Santa paciência...
Pelo fato de ser um espetáculo de péssimo gosto, a Expovel não deixou de apresentar o seu saldo de violência e bestialidades. “Três homens, um deles identificado como policial militar, se envolveram em uma briga com tiroteio, no Parque de Exposições, no final da tarde do sábado, quando a cavalgada chegou ao local. Depois de muitos socos e pontapés, um dos envolvidos na confusão sacou da arma e efetuou os disparos. Uma radiopatrulha agiu com rapidez e prendeu os acusados. Populares revoltados tentaram resgatar os suspeitos para linchá-los, mas a viatura saiu rápido em direção à Delegacia Central”, noticiou um site da cidade. Além desse sururu, típico das festinhas mais barrelas, uma jovem de 18 anos que estava se divertindo na cavalgada foi vítima da ação de marginais que teriam estuprado a mesma em um estacionamento localizado na Avenida Campos Sales, região Central da Capital. Segundo ela, teria sido ameaçada por três rapazes que usavam abadás do evento e foi arrastada para o estacionamento. Nada mais típico, nada mais típico... É a Expovel... Como na Roma antiga, estas festas só serviam mesmo para manter o povão adormecido. Aqui, nem isso.
Embora sem pão, a alegria certamente vai continuar. Em Rondônia estamos em plena Semana Santa com direito a espetáculos ao ar livre e ainda que seja o mês de junho, a Paixão de Cristo foi encenada sem maiores problemas. E apesar de Porto Velho ser uma das únicas cidades do país onde a Igreja Católica não festeja o santo padroeiro (24 de maio), sempre tem carnaval fora de época também por esses dias e sem falar na grande festa do “padroeiro de fato” da capital: “São Maracujá, o maior arraial sem santo do Norte do país”. A festança próxima à Esplanada das Secretarias está prestes a começar e certamente em todos estes eventos estarão presentes, só que em camarotes diferentes, as autoridades e políticos do Estado, os pecuaristas gastando suas fortunas, os bajuladores aplaudindo tudo, o povão torrando seus minguados salários e a Bailarina da Praça pulando com os artistas e rindo à toa para animar todos os brincantes. Fica faltando mesmo só o Manelão da famosa banda. E por que não? Afinal, todos somos filhos de Deus...
*Professor Nazareno leciona na escola João Bento da Costa em Porto Velho
Acabou a Expovel em Porto Velho, graças a Deus. Foram longos dez dias de barulho, empulhação, poeira, mentiras e circo. Muito circo mesmo para os porto-velhenses, que de uma hora para outra, se viram transformados em moradores da “Capital do Rodeio”. A presepada começou mesmo no dia 06 de junho com um desfile patético pelas principais ruas daqui: mas foi muito bom, pois mostrou a verdadeira cara da nossa cidade com toneladas de sujeiras e lixo no meio das avenidas. E próximo à rodoviária este ano não plantaram aquela estátua ridícula de um boi insinuando que a capital de Rondônia era uma cidade country, como aquelas dos Estados Unidos. Que pena, pois o animal “bem-dotado” com um peão montado completaria o espetáculo circense. Muitos jovens da cidade, embriagados e vestidos à moda country dos americanos, com botas longas, chapéu grande (talvez imitando o ídolo Cassol) e vestimentas de couro, apesar dos quase 40 graus à sombra, completavam a deprimente exibição teatral. Impossível não ter pena ao ver tanta breguice. Um toque medieval em pleno século XXI. Se isto for cultura, não será diferente das outras, mas inferior mesmo. E a grande piada é que ainda existem moçoilas da região que se candidatam à rainha do evento. E pagam para isso. Que trono... Quanta barbaridade...
De fato, situada em plena floresta Amazônica e às margens do lendário e hoje já estuprado rio Madeira, Porto Velho em absolutamente nada lembra as verdejantes cidades da Califórnia e muito menos o próspero e progressista interior do Sul do Brasil. Comparar uma cidade de ‘beiradeiros e barnabés’, onde o contracheque responde por grande parte da economia local, com Barretos, Ribeirão Preto, Presidente Prudente, Londrina, Maringá ou Cascavel, por exemplo, é de um mau gosto sem nenhum precedente. Parece coisa de político ufanista ou mal informado em ano pré-eleitoral. Aliás, durante o período dos “festejos do peão” o que não faltou foi programa de rádio e televisão abrir espaços para as autoridades falarem à vontade e tecer loas ao pseudo-desenvolvimento do Estado. E os jornalistas de proveta, da imprensa marrom, muitos dos formados aqui mesmo, fazendo perguntas toscas aos políticos. Nestas horas quem se lembra de sanguessugas, mensaleiros, escândalos na Assembléia Legislativa, possível cassação do governador do Estado, prefeito de obras inacabadas, mídia comprada e outros afins?
Rondônia possui um dos maiores rebanhos de gado do país segundo dados do IBGE. O que não se entende é por que a nossa carne não é tão barata assim e boa parte da população do Estado, como os que vão aos espetáculos da Expovel, não tem acesso a essa iguaria. Talvez por isso o Mandi (pequeno bagre que se alimenta de fezes humanas) com farinha d’água seja um prato tão desejado na cidade. Para muita gente pobre deste lugar, degustar um bom e suculento filé ou uma picanha é tão difícil quanto arrematar qualquer objeto ou mesmo comprar um animal lá no Parque dos Tanques. Exposição de produtos agropecuários é coisa da elite. Em todos os negócios que foram fechados por lá só apareciam os poucos ricos do Estado. Para os pobretões, a ‘mundiça’, sobrou a Bailarina da Praça (nosso melhor produto de exportação) dançando com os bêbados ao som de uma dupla caipira chamada Victor & Leo e comendo “churrasquinho de gato” em meio à poeira. Não parecia o inferno de Dante, mas o de Satanás mesmo. Triste espetáculo. Coisa de rondoniense já achando que somos Primeiro Mundo... “Maninha, é o progresso de Rondonha”, afirmavam entusiasmados, alguns nativos, com o inconfundível sotaque.
Para os fazendeiros, os homens de negócios e os grandes pecuaristas do Estado sobrou a alegria dos polpudos lucros. Para os políticos de plantão, a certeza de terem colhido bons dividendos eleitorais e para o povão, a ressaca e a satisfação de saber que ‘sua mais fiel representante’ (a Bailarina da Praça) estava lá, como se no alto de um fictício pódio. Sem nenhuma cabeça de gado no pasto que não possuímos, nós rondonienses já parecemos conformados com a sina de que Rondônia nada mais é do que um quintal (ou curral) dos grandes pecuaristas lá do sul maravilha, a verdadeira Califórnia brasileira. Aqui só engordamos os bois que tanto lucro dão aos forasteiros. Sem plantar nem criar nada, só colhemos Corumbiara e outras mazelas sociais. Não é difícil entender por que com estas ‘papagaiadas’ não se faz jorrar mel e leite das nossas fedorentas ruas. E o pior é que muitos idiotas e pseudo-intelectuais de plantão, os que pensam que pensam, ainda querem discutir identidade cultural, fazeres e saberes de um povo, de uma região, de uma cidade. Quais saberes? Quais fazeres? Qual povo? Qual região? A não ser que a Bailarina da Praça dando suas piruetas seja um expoente cultural desta terra. Santa paciência...
Pelo fato de ser um espetáculo de péssimo gosto, a Expovel não deixou de apresentar o seu saldo de violência e bestialidades. “Três homens, um deles identificado como policial militar, se envolveram em uma briga com tiroteio, no Parque de Exposições, no final da tarde do sábado, quando a cavalgada chegou ao local. Depois de muitos socos e pontapés, um dos envolvidos na confusão sacou da arma e efetuou os disparos. Uma radiopatrulha agiu com rapidez e prendeu os acusados. Populares revoltados tentaram resgatar os suspeitos para linchá-los, mas a viatura saiu rápido em direção à Delegacia Central”, noticiou um site da cidade. Além desse sururu, típico das festinhas mais barrelas, uma jovem de 18 anos que estava se divertindo na cavalgada foi vítima da ação de marginais que teriam estuprado a mesma em um estacionamento localizado na Avenida Campos Sales, região Central da Capital. Segundo ela, teria sido ameaçada por três rapazes que usavam abadás do evento e foi arrastada para o estacionamento. Nada mais típico, nada mais típico... É a Expovel... Como na Roma antiga, estas festas só serviam mesmo para manter o povão adormecido. Aqui, nem isso.
Embora sem pão, a alegria certamente vai continuar. Em Rondônia estamos em plena Semana Santa com direito a espetáculos ao ar livre e ainda que seja o mês de junho, a Paixão de Cristo foi encenada sem maiores problemas. E apesar de Porto Velho ser uma das únicas cidades do país onde a Igreja Católica não festeja o santo padroeiro (24 de maio), sempre tem carnaval fora de época também por esses dias e sem falar na grande festa do “padroeiro de fato” da capital: “São Maracujá, o maior arraial sem santo do Norte do país”. A festança próxima à Esplanada das Secretarias está prestes a começar e certamente em todos estes eventos estarão presentes, só que em camarotes diferentes, as autoridades e políticos do Estado, os pecuaristas gastando suas fortunas, os bajuladores aplaudindo tudo, o povão torrando seus minguados salários e a Bailarina da Praça pulando com os artistas e rindo à toa para animar todos os brincantes. Fica faltando mesmo só o Manelão da famosa banda. E por que não? Afinal, todos somos filhos de Deus...
*Professor Nazareno leciona na escola João Bento da Costa em Porto Velho
segunda-feira, 15 de junho de 2009
domingo, 7 de junho de 2009
Brasil: uma nação de "jecas"
Professor Nazareno*
A frase "Le Brésil n’est pas um pays sérieux" (O Brasil não é um país sério) foi atribuída ao presidente francês Charles de Gaulle, quando surgiu uma crise política entre Brasil e França, nos anos 60. A apreensão de pesqueiros franceses que capturavam lagostas na costa brasileira, teria irritado de Gaulle e o levado a dizer que o Brasil não era um país. Segundo a versão corrente, o embaixador do Brasil em Paris, Carlos Alves de Souza, teria acrescentado o adjetivo sério, para amenizar a situação. A crise foi resolvida, mas o mal-estar sempre ficou, apesar do general de Gaulle negar até a sua morte ter dito tal frase. Mesmo sem saber, o estadista francês estava corretíssimo uma vez que se o mundo fosse um corpo humano, já saberíamos qual a parte que caberia ao Brasil representar.
Apesar de ostentar um dos maiores PIB’s do mundo e de ter um mercado consumidor próximo aos 200 milhões de habitantes, o Brasil nunca foi destaque em absolutamente nada desde o seu descobrimento pelos portugueses. Ainda hoje em pleno século XXI não podemos mostrar nada a ninguém que possa trazer orgulho aos tupiniquins. O maior produto de exportação do país ainda continua sendo bumbum de mulher, perna de jogador e meia dúzia de produtos agropecuários como soja, café, frangos e alguns derivados da carne bovina. Itens estes que não necessitam de absolutamente nenhum conhecimento de ponta para serem produzidos. Aqui não produzimos chips para computadores, armamentos sofisticados, carros, telefonia móvel ou qualquer medicamento para a cura de doenças. Até o nosso programa espacial explodiu.
Somos uma nação de vagabundos, prostitutas e ladrões em sua grande maioria. Nunca ganhamos um Prêmio Nobel de nada. Nossos filmes jamais ganharam um Oscar. Nunca nos destacamos em tipo nenhum de pesquisa. Não temos a bomba atômica. O fracasso sempre foi a maior marca registrada desta nação. Nosso sistema educacional está falido faz tempo. A grande maioria dos nossos alunos mal sabe ler e escrever o próprio nome e isto após doze anos de escolaridade, em média. A maioria dos nossos empresários na verdade são sonegadores de impostos que ficaram ricos à base do improviso e com muita sorte. Latifundiários é uma praga que sempre infestou os interiores da nação. Competência nesta terra de ninguém é uma mercadoria escassa e que sempre passou longe das nossas escolas e universidades.
Além disso, o nosso presidente é um ex-operário, barbudo, falta-lhe um dedo na mão esquerda e dono de um discurso cheio de metáforas quando se expressa em Língua Portuguesa. As Forças Armadas, que são comandadas por um civil, só se destacaram no cenário nacional quando golpearam as instituições democráticas entre 1964 e 1985 e mergulharam o país numa ditadura que manchou o nosso nome no exterior. Nossas fronteiras são extremamente vulneráveis e parecem um queijo suíço. É por lá que passa a maioria das armas contrabandeadas e quase toda a droga consumida nas grandes cidades. Nossa Justiça é lenta, burocrática e elitista. “De cada dez juízes, sete acreditam que são Deus e os outros três têm certeza”, é uma frase muito comum nos meios jurídicos. Gilmar Mendes atual presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) foi acusado de soltar corruptos toda vez que a Polícia Federal os prendia.
O Poder Legislativo do Brasil é uma piada: são 81 senadores e pouco mais de quinhentos Deputados Federais que dispensam qualquer comentário. A Federação é composta por 27 unidades. Todas com Justiça, Poder Legislativo, governadores e gente (ou gentinha). Nem cultura própria este país tem. O Hino Nacional, cuja letra ninguém entende, bem que poderia ser trocado por uma música qualquer, um pagode, por exemplo, que ninguém notaria a diferença. Amor à Pátria por aqui é coisa rara. Então, poderíamos voltar a ser Colônia. Só que desta vez não seria de Portugal, mas dos Estados Unidos, do Japão ou de outro país europeu que tivesse cultura própria, nacionalismo, gente civilizada e acima de tudo cérebros, cabeças que produzem conhecimentos. Seríamos talvez um lugar muito mais respeitado do que esta terra de jecas, matutos e gente interesseira que nem amor têm a este pedaço de chão.
*Leciona em Porto Velho na Escola João Bento da Costa
A frase "Le Brésil n’est pas um pays sérieux" (O Brasil não é um país sério) foi atribuída ao presidente francês Charles de Gaulle, quando surgiu uma crise política entre Brasil e França, nos anos 60. A apreensão de pesqueiros franceses que capturavam lagostas na costa brasileira, teria irritado de Gaulle e o levado a dizer que o Brasil não era um país. Segundo a versão corrente, o embaixador do Brasil em Paris, Carlos Alves de Souza, teria acrescentado o adjetivo sério, para amenizar a situação. A crise foi resolvida, mas o mal-estar sempre ficou, apesar do general de Gaulle negar até a sua morte ter dito tal frase. Mesmo sem saber, o estadista francês estava corretíssimo uma vez que se o mundo fosse um corpo humano, já saberíamos qual a parte que caberia ao Brasil representar.
Apesar de ostentar um dos maiores PIB’s do mundo e de ter um mercado consumidor próximo aos 200 milhões de habitantes, o Brasil nunca foi destaque em absolutamente nada desde o seu descobrimento pelos portugueses. Ainda hoje em pleno século XXI não podemos mostrar nada a ninguém que possa trazer orgulho aos tupiniquins. O maior produto de exportação do país ainda continua sendo bumbum de mulher, perna de jogador e meia dúzia de produtos agropecuários como soja, café, frangos e alguns derivados da carne bovina. Itens estes que não necessitam de absolutamente nenhum conhecimento de ponta para serem produzidos. Aqui não produzimos chips para computadores, armamentos sofisticados, carros, telefonia móvel ou qualquer medicamento para a cura de doenças. Até o nosso programa espacial explodiu.
Somos uma nação de vagabundos, prostitutas e ladrões em sua grande maioria. Nunca ganhamos um Prêmio Nobel de nada. Nossos filmes jamais ganharam um Oscar. Nunca nos destacamos em tipo nenhum de pesquisa. Não temos a bomba atômica. O fracasso sempre foi a maior marca registrada desta nação. Nosso sistema educacional está falido faz tempo. A grande maioria dos nossos alunos mal sabe ler e escrever o próprio nome e isto após doze anos de escolaridade, em média. A maioria dos nossos empresários na verdade são sonegadores de impostos que ficaram ricos à base do improviso e com muita sorte. Latifundiários é uma praga que sempre infestou os interiores da nação. Competência nesta terra de ninguém é uma mercadoria escassa e que sempre passou longe das nossas escolas e universidades.
Além disso, o nosso presidente é um ex-operário, barbudo, falta-lhe um dedo na mão esquerda e dono de um discurso cheio de metáforas quando se expressa em Língua Portuguesa. As Forças Armadas, que são comandadas por um civil, só se destacaram no cenário nacional quando golpearam as instituições democráticas entre 1964 e 1985 e mergulharam o país numa ditadura que manchou o nosso nome no exterior. Nossas fronteiras são extremamente vulneráveis e parecem um queijo suíço. É por lá que passa a maioria das armas contrabandeadas e quase toda a droga consumida nas grandes cidades. Nossa Justiça é lenta, burocrática e elitista. “De cada dez juízes, sete acreditam que são Deus e os outros três têm certeza”, é uma frase muito comum nos meios jurídicos. Gilmar Mendes atual presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) foi acusado de soltar corruptos toda vez que a Polícia Federal os prendia.
O Poder Legislativo do Brasil é uma piada: são 81 senadores e pouco mais de quinhentos Deputados Federais que dispensam qualquer comentário. A Federação é composta por 27 unidades. Todas com Justiça, Poder Legislativo, governadores e gente (ou gentinha). Nem cultura própria este país tem. O Hino Nacional, cuja letra ninguém entende, bem que poderia ser trocado por uma música qualquer, um pagode, por exemplo, que ninguém notaria a diferença. Amor à Pátria por aqui é coisa rara. Então, poderíamos voltar a ser Colônia. Só que desta vez não seria de Portugal, mas dos Estados Unidos, do Japão ou de outro país europeu que tivesse cultura própria, nacionalismo, gente civilizada e acima de tudo cérebros, cabeças que produzem conhecimentos. Seríamos talvez um lugar muito mais respeitado do que esta terra de jecas, matutos e gente interesseira que nem amor têm a este pedaço de chão.
*Leciona em Porto Velho na Escola João Bento da Costa
terça-feira, 2 de junho de 2009
VEM AÍ O ARRAIÁ DO BENTÃO !!!!!!!
segunda-feira, 1 de junho de 2009
Ivo Cassol,King Jong I e a bomba atômica
Professor Nazareno*
Se o Estado de Rondônia fosse um país soberano teria, de acordo com o seu PIB, uma classificação muito modesta em relação às outras nações do mundo. Dentre os 180 países pesquisados, nós ficaríamos na incômoda 152ª posição. Mais ou menos junto ao Haiti, Burkina Fasso (país miserável da África sub-saariana) e Papua Nova Guiné, (República de economia desprezível da Ásia/Oceania) países que dispensam maiores comentários. Isso mesmo. Com um Produto Interno Bruto um pouco inferior a cinco bilhões de dólares, representamos dentro da federação apenas meio por cento dos recursos nacionais. Uma posição pífia e pra lá de ridícula. Seríamos apenas os campeões em devastação ambiental, desrespeitos à natureza e em bizarrices na área política.
Se na economia os números de Rondônia são desastrosos, na política também não há notícias animadoras. O nosso “presidente” seria Ivo Narciso Cassol, um pseudo-estadista que está enfrentando sérios problemas internos. Existem relatos de que o mandatário maior do fictício país tropeça na própria língua oficial da nação. Há acusações de ter sido reeleito por ter comprado votos a cem reais (apenas 50 dólares norte-americanos). Fatos que podem tirá-lo do poder. Neste caso, assumiria os destinos do país o todo-poderoso Neodi Carlos, presidente do Legislativo nacional. O nosso Congresso Nacional seria a Assembléia Legislativa do Estado (pasmem). Qualquer semelhança com o legislativo dos países acima citados seria mera coincidência.
Para se ter um país soberano, deveria haver também a questão relacionada à segurança interna. Temos uma Base Aérea e meia dúzia de aviões (na verdade “teco-tecos” enferrujados e sobras da Segunda Guerra) para nos defender. Faríamos fronteira com a Bolívia e o Brasil, a décima economia do planeta. Deste, por razões óbvias, jamais sofreríamos qualquer ataque. O perigo estaria nos ‘hermanos’ do outro lado do rio Guaporé. A nossa infantaria teria condições de repelir um ataque dos bolivianos? Talvez sim, pois já demonstramos “nossa bravura” ao invadir um terreno destinado à construção de um teatro em pleno centro da capital do país. À marinha, caberia a difícil tarefa de explicar por que os barcos de passageiros do rio Madeira partem vazios e chegam cheios de gente aos seus destinos...
País soberano, imprensa livre. É o que reza qualquer manual. Mas grande parte da imprensa de Rondônia é composta de jornalistas sem formação acadêmica e a serviço de algum político de plantão. Existe o site que "representa" a Prefeitura Municipal, o site da Assembléia Legislativa, o site deste ou daquele político e assim por diante. Aqui seria um dos únicos países do mundo cuja imprensa teria cor: seria marrom. Esta deprimente postura se verifica também, de um modo geral, nos jornais impressos, nas rádios e na televisão. São os formadores de opinião a serviço do nada e da burrice. É a cafajestada formando cafajestes. Triste destino de um país fadado à ditadura dos pasquins e da ‘gambiarra’ oficializada dentro das redações.
Entretanto, como país soberano, Rondônia não teria a bomba atômica, exemplo às avessas da Coréia do Norte e do seu ditador King Jong Il. Rondônia, dentro da realidade do país, seria a bomba atômica. Com um governador ameaçado de perder o mandato a qualquer momento, uma imprensa amordaçada por questões econômicas, um Legislativo inoperante, forças armadas adormecidas, problemas ambientais em todas as frentes e uma população sem nenhuma identidade cultural, este fictício país estaria fadado ao desaparecimento. Não seríamos uma reles republiqueta de bananas ou um dos incontáveis países miseráveis dos continentes africano e asiático, mas uma nação sem nenhum prestígio dentro do contexto do mundo globalizado. Seríamos, na verdade, um nada ou a segunda pessoa do “quase nada”.
* É professor na escola João Bento da Costa em Porto Velho
Se o Estado de Rondônia fosse um país soberano teria, de acordo com o seu PIB, uma classificação muito modesta em relação às outras nações do mundo. Dentre os 180 países pesquisados, nós ficaríamos na incômoda 152ª posição. Mais ou menos junto ao Haiti, Burkina Fasso (país miserável da África sub-saariana) e Papua Nova Guiné, (República de economia desprezível da Ásia/Oceania) países que dispensam maiores comentários. Isso mesmo. Com um Produto Interno Bruto um pouco inferior a cinco bilhões de dólares, representamos dentro da federação apenas meio por cento dos recursos nacionais. Uma posição pífia e pra lá de ridícula. Seríamos apenas os campeões em devastação ambiental, desrespeitos à natureza e em bizarrices na área política.
Se na economia os números de Rondônia são desastrosos, na política também não há notícias animadoras. O nosso “presidente” seria Ivo Narciso Cassol, um pseudo-estadista que está enfrentando sérios problemas internos. Existem relatos de que o mandatário maior do fictício país tropeça na própria língua oficial da nação. Há acusações de ter sido reeleito por ter comprado votos a cem reais (apenas 50 dólares norte-americanos). Fatos que podem tirá-lo do poder. Neste caso, assumiria os destinos do país o todo-poderoso Neodi Carlos, presidente do Legislativo nacional. O nosso Congresso Nacional seria a Assembléia Legislativa do Estado (pasmem). Qualquer semelhança com o legislativo dos países acima citados seria mera coincidência.
Para se ter um país soberano, deveria haver também a questão relacionada à segurança interna. Temos uma Base Aérea e meia dúzia de aviões (na verdade “teco-tecos” enferrujados e sobras da Segunda Guerra) para nos defender. Faríamos fronteira com a Bolívia e o Brasil, a décima economia do planeta. Deste, por razões óbvias, jamais sofreríamos qualquer ataque. O perigo estaria nos ‘hermanos’ do outro lado do rio Guaporé. A nossa infantaria teria condições de repelir um ataque dos bolivianos? Talvez sim, pois já demonstramos “nossa bravura” ao invadir um terreno destinado à construção de um teatro em pleno centro da capital do país. À marinha, caberia a difícil tarefa de explicar por que os barcos de passageiros do rio Madeira partem vazios e chegam cheios de gente aos seus destinos...
País soberano, imprensa livre. É o que reza qualquer manual. Mas grande parte da imprensa de Rondônia é composta de jornalistas sem formação acadêmica e a serviço de algum político de plantão. Existe o site que "representa" a Prefeitura Municipal, o site da Assembléia Legislativa, o site deste ou daquele político e assim por diante. Aqui seria um dos únicos países do mundo cuja imprensa teria cor: seria marrom. Esta deprimente postura se verifica também, de um modo geral, nos jornais impressos, nas rádios e na televisão. São os formadores de opinião a serviço do nada e da burrice. É a cafajestada formando cafajestes. Triste destino de um país fadado à ditadura dos pasquins e da ‘gambiarra’ oficializada dentro das redações.
Entretanto, como país soberano, Rondônia não teria a bomba atômica, exemplo às avessas da Coréia do Norte e do seu ditador King Jong Il. Rondônia, dentro da realidade do país, seria a bomba atômica. Com um governador ameaçado de perder o mandato a qualquer momento, uma imprensa amordaçada por questões econômicas, um Legislativo inoperante, forças armadas adormecidas, problemas ambientais em todas as frentes e uma população sem nenhuma identidade cultural, este fictício país estaria fadado ao desaparecimento. Não seríamos uma reles republiqueta de bananas ou um dos incontáveis países miseráveis dos continentes africano e asiático, mas uma nação sem nenhum prestígio dentro do contexto do mundo globalizado. Seríamos, na verdade, um nada ou a segunda pessoa do “quase nada”.
* É professor na escola João Bento da Costa em Porto Velho
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